Artigo: O futuro começa antes: a preparação para o ENEM e o caminho para vencer a pandemia

23/07/2021 23:37

Por João Augusto Bandeira de Mello


Artigo: O futuro começa antes: a preparação para o ENEM e o caminho para vencer a pandemia

Reza a lenda que quando Edutriv era ainda um mero recruta, aprendiz cujo sonho era apenas sonhar em ser ungido pelo fogo do dragão; uma frase de Celeub, a mentora espiritual de seu treinamento (e que acabou sendo grande conselheira de sua vida inteira), mudou sua perspectiva, seus paradigmas e guiou suas conquistas até ser o mais bem sucedido soberano de Odatse de todos os tempos. Disse Celeub:

- O futuro começa antes. Ele sempre começa antes. E ele será tão grande e alvissareiro, quanto for o seu esforço em construí-lo. Você me pergunta se algum dia você poderá ser o grande líder, e eu lhe digo que a melhor maneira de antever o seu destino, é trabalhar arduamente para que ele aconteça exatamente de acordo com seus vaticínios.

O conselho de Celeub deu certo para Edutriv, e acho que ele se encaixa perfeitamente a todos aqueles jovens (e, também para aqueles mais experientes, jovens há mais tempo) que vão tentar uma vaga na Universidade por meio do Exame Nacional do Ensino Médio – O ENEM. E mais do que isso, acho que vale para todos os que estão no entorno destes jovens – pai, mãe, avô, avó, tio, tia, cônjuge, namorado, namorada -, aqueles que vivenciam o caminho junto, sofrem junto, e esperam, ao final, poder comemorar e celebrar a vitória do tão almejado ingresso na universidade. (E juntos, colaboram, instigam, consolam, ajudam. É o que sempre digo, nenhuma vitória é isolada, todas as vitórias são coletivas).

Mas por que falar do ENEM? Explico. Primeiro por que ele é decisivo, ao demarcar talvez a primeira fronteira entre o até aqui e o daqui para frente da vida de um jovem (e muitas vezes esta dimensão somente é percebida depois – e o depois pode se tornar mais difícil). Segundo, porque, como dito, ele é coletivo, pois impacta todos aqueles que estão próximos (quem nunca sofreu em um vestibular de filho, sobrinho, neto querido); e terceiro, porque é importante lembrar que ele não é definitivo – ele se renova a cada ano e pode sempre ser aperfeiçoado na busca de novos caminhos. Caminhos que levam a outros caminhos, até achar um futuro que, como disse Celeub, sempre começa antes.

Realmente, as inscrições para o exame se encerraram em 14 de julho próximo passado. Mas o futuro em relação ao resultado do ENEM começou antes, muito antes. O futuro começou lá atrás, nas primeiras letras, na operação das continhas iniciais, no fundamental menor, no fundamental maior, nos primeiros anos do segundo grau. Em cada acerto, e principalmente em cada erro, que ao longo dos estudos se logrou corrigir. (Logo não há tempo a perder, não existe infância e adolescência a se desperdiçar.)

O futuro, que se iniciou no passado, e que se retoma agora a ser desenhado com a inscrição e preparação específica para a prova, leva em conta tudo o que o estudante estudou até aqui, ou melhor dizendo, tudo o que o estudante aprendeu, toda a bagagem de conhecimentos angariada até o momento. (E quanto menos ficou para ser visto na última jornada de estudos). E este diagnóstico será o ponto-de-partida para os próximos quatro meses que nos separam até a data do exame. E se o futuro começa antes, o resultado do ENEM também dependerá, como veremos adiante, da postura, do esforço, da estratégia, do mindset (postura e programação mental) do estudante também neste período que antecede as provas.

O futuro começa antes, e será proporcional a quão grande for o esforço, a seriedade e o comprometimento do aluno. Costumo dizer que o aprendizado é uma expansão mental que você sai de uma posição A (com menos informações e habilidades) para uma posição B (com mais conhecimento). E diferentemente do que muitos imaginam, ele não se processa por osmose e nem por um pendrive, onde se faz um download de uma informação.

O aprendizado se constrói. O conhecimento precisa ser conquistado. As estradas que levam à expertise em ciências da natureza, português, matemática e ciências humanas precisam ser pavimentadas. E esta construção não se faz por saltos – cada camada de asfalto, cada pilar de paralelepípedo tem que ser colocada em ordem, de preferência no tempo certo, com direito a ajustes, se necessário refazimento, até a perfeição da conclusão.

E, por isso, aprender demanda esforço, demanda dedicação, necessita de foco. Foco e atenção, pois só aprendemos aquilo que focamos. De tudo o que está acontecendo no mundo, só vamos adquirir conhecimento daquilo que fixamos em nossa atenção. Precisamos registrar o objeto de estudo no cérebro, e se estivermos pensando em outra coisa, ou olhando para outro lado, nada feito. Mas não para por aí. É necessário retomar o assunto depois de algum tempo, é preciso revisar a matéria. Faz-se uma prova para ver se o conhecimento foi alcançado. E mesmo aprovado de ano, aquele conhecimento é de alguma forma cobrado nos anos seguintes, para que o mesmo reste enfim sedimentado. (Foco, atenção, revisão até chegar à iluminação do conhecimento).

Logo, não é fácil. E, quantas vezes pensa-se em desanimar. Por que não pegar o caminho mais tranquilo? O curso menos concorrido, a faculdade mais acessível? A luta inglória do presente que chama para si todo tipo de vantagem ou distração (festas, internet, sono, cansaço, jogos, falta de concentração), em detrimento de um futuro que está lá longe, que de tão abstrato, é difícil de ser avistado.

Por isso, todo crescimento de conhecimento é sofrido. Toda mudança de patamar é dolorosa. Gostamos de fazer as mesmas coisas, do atuar automatizado, dos caminhos já conhecidos. E expandir o conhecimento demanda quebrar barreiras, principalmente estas barreiras internas onde o próprio eu pode ser o seu maior adversário, o seu maior sabotador (e talvez seja o pior adversário, o seu eu, aquele que mais lhe conhece, e todas as suas fraquezas e armadilhas). Porém, quanto maior for o esforço e o comprometimento, tais obstáculos serão superados e maior será a vitória ao final.

Se o futuro começa antes, e se o presente demanda esforço constante; será que a equação está completa? Ainda não, porque além do esforço, precisa-se de estratégia, precisa-se de eficiência, a antevisão do porvir, o foco no resultado. “A tartaruga que vai pelo caminho certo, chega antes do coelho que vai pelo caminho errado. E quanto mais rápido for o coelho, mais longe do seu destino ele estará”. Ou seja, é preciso saber o caminho correto que leva ao resultado. E mais do que isso, é preciso trilhar este caminho correto.

Levando isto para a vida e para o ENEM, não vai ser apenas estudando as matérias que gosta; não vai ser apenas lendo os livros; não vai ser apenas revisitando as mesmas leituras que o resultado chegará. De modo algum. O teste não é sobre tempo de convivência ou de carregamento de livros. (Quem nunca viu um estudante levando o livro para lá e para cá, em arremedo de leitura de conteúdos, enquanto a mente viaja pela notícia da televisão, da dancinha do tiktok, ou na postagem do instagram...)

 Tenha certeza de que o conhecimento não se ganha por bluetooth ou mera aproximação. Que o conhecimento não se apreende como um balde que se enche embaixo de uma torneira. Como vimos, ele se forma de outras maneiras. Não vem por jato ou com um adesivo. É muito mais uma maré subindo aos poucos, e que a cada onda completa um ciclo e avança e alcança patamares cada vez mais elevados...

Assim, é importante assistir boas aulas e de professores competentes (primeira onda); mas sempre depois tem que se revisar o assunto para fixar o que foi dito (segunda onda); imprescindível fazer exercícios para verificar se o aprendizado está consistente (terceira onda); mais para frente, estudar novamente para os eventuais testes, com novos exercícios (quarta onda); na revisão final, fazer uma retrospectiva mental de todos os assuntos, com ênfase ao que pode ser perguntado (quinta onda); e se necessário, repetir os passos até a excelência.

Como também é preciso acertar o alvo. Saber os assuntos que caem mais, enfatizar as matérias que têm mais peso, entender o estilo de como as questões serão apresentadas. Lembrando sempre que cada prova tem a sua marca e maneira de proceder; e que o ENEM tem duas características marcantes: a primeira é que ele testa habilidades do candidato para resolver problemas práticos da sociedade em que vivemos; por isso, entender as questões sociais, ambientais, de redução de todo tipo de desigualdade e promoção do desenvolvimento sustentável é essencial. E a segunda, que normalmente o ENEM tende a misturar as caixinhas; assim, vários assuntos serem cobrados simultaneamente em uma mesma questão é muito comum. E o candidato para se destacar, tem que ter domínio de todos eles ao mesmo tempo.

Muitos devem estar se perguntando qual a minha legitimidade para falar de tudo isso. Não sei se tenho. Apenas posso dizer que procuro retratar o que eu vivi e que tenho como experiência, seja nas aprovações nos vestibulares de engenharia eletrônica e de Direito – formaturas que me proporcionaram os cargos públicos que exerci, inclusive o atual, que muito me orgulha, de Procurador de Contas. Ou a minha nota do Enem que fiz para conhecer neste ano de 2020 - 780 de média -, excelente para quem terminou o 3º ano há 30 anos, e sofreu para enxergar as letras miúdas da prova. (Quem sabe não se vislumbram novos projetos na área de economia ou psicologia?).  Ou seja, ainda mais recentemente, por meio de meus estudos em neurociência da aprendizagem, indicando como o conhecimento se processa no cérebro e de como ele pode ser perenizado. 

Mas a maior experiência, a principal, a mais marcante, sem igual, é sem dúvidas o fato de que minha filha mais velha vai fazer o Enem este ano para valer. E estou sentido todo aquele turbilhão de sentimentos que todo pai sente nesta ocasião – um misto de alegria, orgulho, ansiedade e angústia. Emoções que nos unem ao momento vivido pelo jovem e fazem com que sintamos a expectativa de cada passo, a responsabilidade de cada etapa, o receio do mau resultado, o sabor de cada vitória. Aquela vontade de querer estar junto, dar a mão, torcer muito, controlar tudo. Muitos dos amigos já viveram isso e sabem que nós, pais e mães, somos um misto de treinador e torcedor. Porém, nunca esqueçamos que, mesmo sendo tudo isto, e que se a vitória é coletiva; cruzar a linha de chegada (sucesso que sempre começa antes), isto sempre se faz sozinho.

Já ia me esquecendo: e a pandemia? Como vencê-la? E o que tem a ver com tudo o que foi trazido até agora, neste artigo? Ora, tanto na pandemia, como no ENEM, como em tudo na vida, a frase de Celeub é válida (ela é útil para qualquer projeto ou aspiração). Somos semeadores do futuro. Somos semeadores, e somente colhemos o que plantamos. No caso do Covid-19, o futuro alvissareiro também começa antes. Começa com vacinação em massa, com as medidas sanitárias de não aglomeração e distanciamento; com a percepção coletiva de que esta é uma luta de todos nós (para que o vírus circule menos e não se transmute). Também o futuro benfazejo depende de muito esforço pessoal, em saber ultrapassar as angústias e agonias do isolamento; a saudade das pessoas queridas, das viagens que ficaram somente nos planos, e das grandes festas que por enquanto têm que ficar no desejo e na programação. E, é claro, o futuro que todos nós desejamos, depende da estratégia certa, em trilharmos o caminho correto científico, sempre passando ao largo do negacionismo, dos remédios sem resultado, e dos discursos de fake-news, que em vez do sonhado reinício, nos levam inevitavelmente a uma estrada espinhosa de desperdícios e precipícios.

Assim, somos, por essência, semeadores do futuro; e na pandemia ou no ENEM, a fronteira que separa o até aqui e o daqui para frente, está a cada momento sendo construída. E está a cada instante a nos perguntar se queremos trilhar o caminho do suor e do sucesso ou o da tristeza das lágrimas. Algumas lágrimas podem ser momentâneas (da derrota que precede a vitória), mas outras lamentavelmente são definitivas. Projetar a nossa escolha não deveria ser tão difícil.

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