Dentre tantos filhos ilustres de Sergipe, um se destaca bastante em especial ao longo da história, seu nome: João Gomes de Melo. Descendente de família aristocrática, filho de Seu Teotônio Correia Dantas e Dona Clara Angélica de Menezes. Nasceu num dia 18 de setembro do ano 1809, no eminente Engenho Santa Bárbara de Cima, que em dias hodiernos, pertence ao município de Rosário do Catete. Dos seus matrimônios, podemos elencar o primeiro realizado com a então viúva Maria José de Faro em 1833 que acabou falecendo no ano de 1859. 

Casou-se depois com Dona Valentina Soares de Souza, esta era irmã do Visconde do Uruguai, cuja influência junto ao imperador na época foi determinante para mudança da capital da Província de Sergipe. O primeiro e único Barão de Maruim teve verve política desde a tenra idade, que se iniciou a partir do ano 1840. O ano de 1848 marcou seu ingresso como deputado da Assembleia Provincial donde recebeu distinto título nobiliárquico de Barão. Em 1853 se tornou Deputado na Câmara Geral, permanecendo por mais duas legislaturas se destacando pela sua liderança. 

Governou a Província entre alguns meses de 1855 a 1856, sendo que cinco anos sucedâneos, em 1861 acabou sendo nomeado Senador vitalício via Carta Imperial. De espírito coletivo, o Barão de Maruim se destacou nas áreas de caridade, universo cultural, ambiente eclesiástico e na imprensa em geral. Se houve uma figura essencial para entendermos a mudança da capital de São Cristóvão para Aracaju, sem dúvida alguma, essa reside em nosso retratado. 

Desde os áureos tempos quando atuou como Deputado da Assembleia Provincial, o Barão estabeleceu profícuas articulações em prol desse feito. Essa transferência da sede do governo garantiria assim uma maior influência política provincial bem como o poder comercial dos senhores de engenho do Vale do Cotinguiba que faziam oposição aos senhores do Vale do Vaza Barris. Dessa maneira, no ano de 1853 enquanto estava com mandato na Câmara dos Deputados, iniciou uma aliança com o então Deputado Geral suplente pelo Ceará Inácio Joaquim Barbosa. 

Por meio da sua lancinante influência junto ao imperador por intermédio do seu cunhado, o célebre Visconde do Uruguai, indica Inácio Barbosa a presidente provincial, então nomeado por Carta Imperial num dia 07 de outubro do ano 1853. A partir desse ponto foi colaborador fundamental do presidente Barbosa no projeto de mudança da capital, conseguindo maioria na Assembleia Legislativa da Província, obteve também alianças na corte, mantendo o partido e aliados em apoio coesivo ao projeto.  

Os próprios planos da Assembleia Legislativa para mudança da capital foram abertos no próprio Engenho Unha do Gato, pertencente ao Barão de Maruim. Apesar de inúmeras críticas e oposição por parte de diversos grupos, principalmente os ligados a São Cristóvão, foi sancionada mesmo assim a resolução que elevava o povoado Santo Antônio do Aracaju à categoria de cidade, e transferia para ele a capital da província no dia 17 de março do ano 1855. 

Conclui-se que o Barão de Maruim esteve com seu nome ligado ao progresso de Sergipe, chegando a escrever relatórios importantes no Correio Sergipense sobre administração provincial, bem como artigos para o Jornal do Commercio, no Rio de Janeiro em 1862, dentre vários outros. João Gomes de Melo ou o prestigioso Barão em seus domínios nos deixou num dia 23 de abril do ano 1890. Seu legado reverbera até hoje em nossos sinuosos e não menos fascinantes tempos. 

(*) Igor Salmeron é Sociólogo, Doutorando em Sociologia pelo Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFS.