Artigo: Ana Medina na defesa da memória cultural sergipana - Por Igor Salmeron

12/08/2022 08:45


Artigo: Ana Medina na defesa da memória cultural sergipana - Por Igor Salmeron

Ao estudar personalidades de Sergipe, uma mulher em especial, vem fazendo um trabalho único no universo literário e da história cultural. Seu nome? Ana Maria Fonseca Medina, nascida em Boquim num dia 20 de outubro do ano 1941. Garotinha esbelta, desfrutou de lúdica infância na ‘Terra da laranja’ como é amplamente conhecido esse histórico município, berço do saudoso e brilhante poeta Hermes Fontes. 

Ana Medina, filha de Raymundo Fernandes da Fonseca, o ‘Raymundo Telegrafista’ homem fiel aos princípios éticos e de Maria Isabel Silveira do Nascimento Fonseca a amante das artes. Os dois foram pais que se sacrificaram para fornecer a melhor educação para os filhos. Cercada por ambiente de fé inexpugnável, foi alfabetizada no Grupo Escolar Severiano Cardoso. Aos oito anos, muda-se para Aracaju para prosseguir nos estudos, onde ingressou no Colégio Menino Jesus, considerado o melhor na época auferida. 

Nesses tempos escolares é que afloraram nela a paixão pela escrita e, sobretudo, pela literatura e pesquisas em geral. Entrou na Faculdade Católica de Filosofia de Sergipe, para cursar Letras Português-Francês onde se formou no ano de 1968. Seu lado escritora adveio muito das influências marcantes que teve durante sua ampla trajetória, a exemplo do convívio que estabeleceu com mestres do ensino: Silvério Leite Fontes, Dom Luciano José Cabral Duarte, Maria Lygia Madureira Pina, esta última sempre lhe dizendo que o resgate da memória tem importância capital para afirmação da cidadania. 

Estudou museologia na Inglaterra, montou museu em Boquim na sua cidade natal e a partir de 1991 dirigiu habilmente o Museu Histórico de Sergipe. Trabalhou como Chefe de Cerimonial da Prefeitura de Aracaju, publicando nessa fase sua célebre obra intitulada “A Ponte do Imperador”, que foi patrocinada pela Energisa, sendo bem aceita pela crítica e garantindo notoriedade para a nossa retratada. O livro “Memórias da Ordem do Mérito Serigy”, foi mais um sucesso lançado no prestimoso Iate Clube de Aracaju, no ano de 2005. 

Lança depois “Cartas de Hermes Fontes: Angústia e Ternura”, obra resultante de árduas pesquisas, marcada pelo toque de arte singular da sua admirável autora. Este importante trabalho lhe garantiu o prêmio Ademar Cavalcante na União Brasileira de Escritores, no Rio de Janeiro. “As Efemérides Sergipanas”, de Epifânio Dória foi publicada após oito anos de estudos, fruto do hercúleo empenho de Ana Medina que forneceu mais uma contribuição única para a historiografia sergipana. 

Quando esteve trabalhando junto ao Tribunal de Justiça de Sergipe, resolveu publicar uma modelar biografia intitulada “Mário Cabral, vida e obra”, lançada no Museu Palácio Olímpio Campos. O sucesso foi tanto que a autora conseguiu angariar outra premiação, dessa vez o prêmio Hermes Fontes pela União Brasileira de escritores. Lançou ainda “Trilhando Memórias”, fruto de diversos relatos guardados por dez anos que contextualizam tanto a sua esfera familiar quanto o universo sergipano. 

Quem acompanhou os bosquejos da menininha intrépida de Boquim, no fundo já sabia que ela iria desfrutar merecidamente da imortalidade intelectual. Num dia 15 de maio de 2008, ingressa na Academia Sergipana de Letras, ocupando a cadeira de número 16, que teve como fundador o também ilustre boquinense Hermes Fontes. 

Conclui-se que Ana Maria Fonseca Medina, junto com extraordinárias mulheres como Quintina Diniz, Gizelda Morais, Carmelita Fontes só para citar algumas avultadas, são genuínos epítomes no que se refere à exaltação da cultura sergipana. 

Igor Salmeron é Sociólogo, Doutorando em Sociologia pelo Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFS.

 

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