Editorial: Culpa do mordomo

06/10/2019 08:37


Editorial: Culpa do mordomo

A investigação aprofundada em determinados setores da vida pública revelam sintomas e falhas que se tornaram históricas e, portanto, aceitas com mansuetude por todos. É o caso flagrante dos recentes projetos de Lei enviados pelo Governo do Estado para homologação da Assembleia Legislativa e que instituem políticas de educação na rede pública de ensino. 

Como “mater et matrona” de todas as demais profissões liberais, a atividade do magistério sobrepaira como devotamento altruístico até,  sempre a merecer todos os encômios. Herda, em decorrência, pela sua paternidade a responsabilidade pelo desvirtuamento de todas as demais profissões: porque existem profissionais que exercem suas tarefas provando, em todas as áreas, que, nos bancos escolares, tiveram péssimos professores de Português, Matemática e outras matérias elementares. 

Por razões que tais, insatisfeitos com o teor dos precitados projetos, os professores no decurso dessa semana iniciaram dois dias de greve com atos mobilizados em frente à Secretaria de Educação. Entre outras invocações o professorado estadual protesta não ter sido convocado para participar da elaboração dos projetos e, uníssonos clamam que o busílis da questão é que o Governo quer poder avaliar os professores, a fim de mantê-los sob-rédeas curtas. Pior, submete-los a avaliações periódicas. 

Esse procedimento seria, sem dúvida alguma, um risco a determinados professores que sequer merecem o título. Têm medo de perder o emprego. 

A péssima avaliação que Sergipe alcançou em recente levantamento nacional da Educação é a evidente identificação de como os alunos da rede pública são escamoteados por uma educação onde muitos ministradores precisam voltar aos bancos escolares, porque chegaram à cátedra sem estarem devidamente instruídos para as funções. 

Atualmente essa aberração liberal está procurando esconderijo sob o manto da “reciclagem educacional”, que não leva a nenhum melhoramento, por duas razões muito simples: 1a.) Assoberbados por um elevado número de aulas e esmagados por salários incompatíveis os professores da rede pública buscam um segundo rendimento para enfrentar as despesas do cotidiano, e não há tempo para “cursos de reciclagem” 2ª.) O nível professoral de atualização peca pela base: sem qualidade de conteúdo e desprovido de motivação. Esses “Cursos de Reciclagem” não sobrevivem, são normas que ficam apenas no papel como simples imagens figurativas. 

Tudo é uma questão de nível: o semeador tem de ter competência para obter safra de qualidade. 

Nessa atual intercorrência, tudo faz crer, como qualquer Sherlock de algibeira diria: a culpa é do mordomo. 

Salvo melhor juízo.

 

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