Editorial: Em defesa da cultura

16/11/2019 18:54


Editorial: Em defesa da cultura

EM DEFESA DA CULTURA

Há uma máxima na atividade política que afirma taxativamente que a primeira e principal preocupação dos políticos é se eleger, e que a segunda é se reeleger...

Na verdade nada pode superar máximas, mas tem ocasiões que os homens públicos agem como se estivessem se despedindo da sua atividade fim... 

Como um rastilho serpeando fogo e fumaça em direção a uma bomba, a notícia que está apavorando a classe dos intelectuais, dos artistas e dos produtores de arte e mantenedores da tradição e da história de nosso Estado, é de que o Governo, depois de literalmente abandonar a TV Aperipê, vai encerrar as suas atividades...!

Por ética profissional e até por dever de justiça, há de se assinalar que a TV Aperipê e as emissoras de rádio que compõe a Fundação que no atual governo foi rebatizada, tem sido um apêndice ao qual foi dispensado, por governos anteriores, uma inexplicável desatenção, lentamente condenado a sucateamento, e só ocasionalmente algum dos seus dirigentes conseguiu desafogo. Isso, quando a ajuda era federal...

É triste assinalar que as administrações governamentais no exercício de seus mandatos, quando carecem de promoções para projetar uma futura reeleição afagam a opinião pública criando novos núcleos de divulgação cultural. Os polos já existentes, como o Festival de São Cristóvão, o Encontro Anual de Artes de Laranjeiras e outros eventos são desassistidos até minguarem, enquanto Museus, Centros Culturais e “novidades” são pomposamente criados. Vez por outra, sustentado de forma periclitante por esteios tradicionais de devotos da Cultura, esses eventos tradicionais são reativados... como chuva de verão.

De sua fundação até hoje, a TV Aperipê exerceu as suas funções dentro dos paradigmas oficiais a que se destinam as televisões educativas. E foi muito além, mantendo acesa a flama daqueles que amam as artes e têm consciência de que um povo sem memória é um povo sem história.  

O acervo da TV Aperipê é primoroso e de valor imensurável.. Não pode de uma canetada ser implodido. Mais do que um tiro no pé agora, seria um suicídio político “ad futurum”.

Ao contrário, o Governador Belivaldo Chagas, um jovem político vitorioso, sabe que uma simples vista d´olhos, com um pouquinho de boa vontade e um investimento de pouca monta (bem menos do que terá de pagar para o pronunciamento de Boas Festas na rede particular de televisão) proporcionará às dependências e equipamentos da TV Aperipê uma urgente manutenção e recuperação. 

E a História e a Cultura do Estado de Sergipe, continuando a contar com o apoio e a amplitude de incentivo de uma televisão moderna e de canal aberto aos novos tempos, como é o canal da TV APERIPÊ, registraria, reverente e genuflexa, uma ação lógica, sábia e competente do seu atual governante. Atitude deste porte é o que Sergipe espera de seus líderes.  

E atitude não tem tabela de avaliação. Só a Historia, no seu julgamento posterior, define ...

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