Editorial: Pirâmides

29/11/2019 22:17


Editorial: Pirâmides

Sociólogos adoram examinar as estruturas sociais baseando-se na forma das pirâmides. Sociólogos e economistas são os melhores criadores de explicações para as suas teses e programas sustentando suas elucubrações no estilo piramidal... Alguns são admiráveis. 

A introdução tem a ver com a situação da classe professoral que, em Sergipe, está em linha de greve e em pé de guerra. A importância dos professores na estrutura social é por demais relevante, já que são os formadores das futuras gerações. Esta conclusão é liminar, ninguém discute, como também ninguém enfrenta a incontroversa realidade de que os professores nunca são compensados à altura do que merecem, pois o saber não tem preço, a responsabilidade que carregam nos ombros é ônus para mentes hercúleas (e alguns a tem nos ombros mesmo!).

No decorrer dos anos a classe professoral foi conquistando algumas justificadas regalias e outras nem tanto assim... A redução da hora/aula mês, por exemplo, é uma matemática inversa, porque com o tempo - exatamente quando o professor se torna mais competente e mais necessário, mais amadurecido - vai terminar no fim de carreira com 10 horas/aula/mês...!

Este é argumento fortuito e não foi por causa dele que os mestres se eriçaram e entraram em greve, protestando contra as pretensões de “adequação” que o Governo está tentando empurra-lhes goela abaixo. 

Os estudantes, ao seu turno, incendiários pela própria imaturidade que a idade confirma, sequer querem saber que são os maiores prejudicados e, ao apoiarem as reações adultas dos seus mestres, entendem que estão demonstrando solidariedade e respeito.

O valor da contrainformação nos processos que podem alterar o “status quo” de qualquer profissão liberal com funções essencialmente públicas, principalmente as que envolvem grandes núcleos de concentração humana, e as decorrentes consequências de qualquer mudança em si mesma, têm sido relegados a segundo plano. 

Os resultados são sempre polêmicos e tendem a provocar grandes convulsões, com prejuízos de diversos segmentos que se interligam como elos de uma só corrente.

Divulgar antecipadamente, os objetivos de qualquer projeto, com responsabilidade e clareza, antes de enviá-lo para apreciação e  aprovação da Assembleia Legislativa, tem de ser o primeiro passo do setor de Comunicação do Governo. Terá, então, como aferir as reações, sem querer dar saltos além da linha axial do equilíbrio, ferindo os brios do Poder Legislativo e da própria Democracia, e, ao depois, ter de voltar atrás. 

Agua e conselho não ferem. Conforta até, antes que o clima esquente como aconteceu com a greve dos professores

A pirâmide ficou de ponta-cabeça. Seu vértice se transformou em vórtice. 

 

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