O sorriso aproxima e aprimora as pessoas

09/08/2023 18:56

“Pascoal, que bom encontrar você, eu estava necessitando de um sorriso.” Frase dita por um colega advogado, num encontro que tivemos, há muito tempo, na antessala de um dos fóruns da nossa cidade.


O sorriso aproxima e aprimora as pessoas

Ele certamente tinha sido muito maltratado em algum daqueles protocolos tão cheios de “protocolos”. Percebi que estava bastante ofendido. Eu o conhecia há muito tempo, tendo inclusive, trabalhado onde ele sempre frequentou e posso afirmar tratar-se de uma pessoa que sabe usar a serenidade e o equilíbrio. 

Mas, ao que parecia ele estava bastante ofendido e, por elegância e discrição, sequer informou o que e, nem onde aconteceu e, muito menos, quem cometeu tal grosseria. 

Ao ser indagado, limitou-se a apenas dizer: 

“Amigo, as pessoas não riem mais, não nos olham.

O olhar delas é vazio, fixado num ponto neutro que nos perpassa.

Elas parecem temer nos mirar nos olhos, dão a entender que estão olhando através de nós e, não para nós.

Receiam, não sabemos por que, olhar para quem estão atendendo ou sentem-se mal atender pessoas. Doloroso isso, não é mesmo?” 

Concordo com você, querido amigo. Devia ser terminante proibido fazer cara feia sem necessidade. Deveria ser regra de conduta exigível pelas empresas e, sobretudo, repartições públicas, configurando ato punível o mau atendimento. 

Os mal-humorados, os emburrados, os amuados, os carrancudos, sem nenhuma causa determinante, deveriam, como punição, sofrer uma pena: fazer terapia do riso por uma semana, até amolecerem os músculos da face suavizando, assim, aquela mórbida expressão de quem está de mal com a vida. 

Cara-feia não paga dívidas, já diz um jargão popular muito conhecido.  Aqueles que não correspondem a um cumprimento, como bom-dia, boa-tarde, que fazem ouvido de mercador ao um pedido de atenção, que não sabem pedir licença e nem desculpas, que se encontram constantemente com aquela cara amuada nunca deveriam se aventurar a prestar os seus serviços num lugar de atendimento ao publico, numa sala de recepção, num balcão de estabelecimento comercial, num caixa de supermercado… 

Também seria bom não saírem de casa, nem do quarto onde dormem. Aliás, deveriam passar os dias exatamente lá, isolados de todos e, de preferência, dormindo. Pois, só assim, brindariam o universo com as sua tão desejadas e cômodas ausências. 

Atenção, não me a refiro à beleza ou a feiura das pessoas, mesmo porque beleza e feiura são conceitos relativos. Não há pessoas totalmente feias e nem exclusivamente belas. Quer dizer, pode até existir, porém, não determinado pelo estético somente. 

A beleza transcende a aparência, ultrapassa aquilo que está visível, vai além. A beleza é um conjunto de atributos dos quais a aparência é apenas um dos componentes.

Refiro-me aos antipáticos, aos enfezados, aos ruins dos bofes, como eram chamados pelos nossos patrícios portugueses, as pessoas que vivem, constantemente, de mal com a vida. 

Reporto-me àquelas infelizes pessoas que mesmo mostrando uma estética apreciável carregam em seu semblante o peso da tristeza, da morbidez, da aparente insatisfação com o mundo.

Por Domingos Pascoal

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