Sergipe: um lugar de festas, tradições e diversidade cultural

19/05/2019 13:39


Sergipe: um lugar de festas, tradições e diversidade cultural

Sergipe provém da palavra tupi Siri-i-pe, e significa curso do rio dos siris, ou simplesmente rio dos siris. Na linguagem do colonizador, Siri-i-pé transformou-se em Sergipe.

Sua história remonta à criação das Capitanias Hereditárias e as terras sergipanas, na época do descobrimento, eram habitadas por várias tribos indígenas.A única tribo que ainda sobrevive é a Xocó, que, atualmente, habita a Ilha de São Pedro, no município de Porto da Folha.

A primeira tentativa de colonização de Sergipe ocorreu em 1575, quando os jesuítas Gaspar Lourenço e João Salônio percorreram algumas aldeias. Na ocasião, a chegada do então governador Luís de Brito à região provocou a fuga dos índios.

Entre 1637 e 1645, Sergipe esteve sob domínio dos holandeses. Em 1696, consegue sua autonomia jurídica com a criação da Comarca de Sergipe. Em 1698, foram instaladas as primeiras vilas: Itabaiana, Lagarto, Santa Luzia e Santo Amaro das Brotas.

Em 1763, Bahia, Sergipe, Ilhéus e Porto Seguro foram reunidos em uma só província. Finalmente, em 5 de dezembro de 1822, d. Pedro I confirmou o decreto de 1820, que dava independência a Sergipe Del Rey. Em 17 de março de 1855, a província ganha uma nova capital. Em 1892, é promulgada a primeira Constituição do Estado de Sergipe e, em 1920, durante as comemorações dos 100 anos de Independência, foi oficializada a bandeira.

Durante uma década, o Nordeste brasileiro viveu o clima do cangaço com o surgimento do bando chefiado por Virgulino Ferreira, o Lampião. O grupo percorreu Sergipe e mais seis Estados nordestinos até 1938, ano em que Lampião foi surpreendido pela volante e morto, junto com Maria Bonita e mais nove companheiros, em seu esconderijo em Angico, no município de Poço Redondo, no vale do São Francisco.

Hoje, Sergipe é um grande Estado. Sua cultura é rica. Seus monumentos marcam, com características peculiares, uma parte da história com seus heróis anônimos e todo um sistema de vida que se baseou no trabalho escravo, na cana-de-açúcar e no gado.

Festas populares

Parte integrante da cultura sergipana, as festas promovidas pelo povo, em parceria com as prefeituras, demonstram a importância da identidade de seus habitantes, entusiastas natos dos eventos que espalham seus encantos pelas demais regiões brasileiras, como, por exemplo:

 

Festa de Bom Jesus dos Navegantes

Trata-se de uma procissão fluvial realizada em vários municípios do Estado e acontece sempre no mês de janeiro. Há um destaque para as procissões em Aracaju, no primeiro dia do ano, em Propriá e em Neópolis, no último domingo do mês e no primeiro domingo de janeiro, respectivamente.

A procissão em Aracaju percorre o estuário do rio Sergipe. Em Propriá e em Neópolis, o do rio São Francisco.

 

Pré-caju

O Pré-Caju se constitui no maior evento pré-carnavalesco do Brasil. Realizado em Aracaju, capital sergipana, com antecedência tradicional de quinze dias em relação ao início dos folguedos pelo resto do território nacional. O evento reúne um público aproximado de 300 mil pessoas nos quatro dias de duração.

Vaquejada

Realizada em várias cidades sergipanas durante todo o ano, a programação consta de vaquejadas, exposições agropecuárias, shows e missa do vaqueiro, com destaque para as localidades de Lagarto, Nossa Senhora das Dores e Porto da Folha.
A Festa do Vaqueiro em Porto da Folha, sempre no mês de setembro, foi criada em 1969, com inspiração na captura do boi, esporte preferido dos vaqueiros nas horas de folga. Acontece da seguinte forma: os animais são soltos na caatinga, para que sejam laçados. O vaqueiro que consegue prender um dos animais é aplaudido e desfila com o boi todo enfeitado.

Folclore

Talvez esta seja a característica mais rica da região, englobando um número farto de manifestações que reúnem, numa só festa, superstição, religião e variadas crenças. Entre as quais, encontramos:

Reisado

Com origem ibérica, o Reisado se instalou em Sergipe no período colonial. É um tipo de dança realizada no período do Natal em comemoração do nascimento de Jesus. Envolve, ainda, homenagem aos Reis Magos.
Antigamente, o Reisado era dançado às vésperas do Dia de Reis e a festa se estendia até fevereiro, quando, também, comemorava-se o ritual do “enterro do boi”. Hoje, o Reisado, que ainda é dançado, é uma manifestação livre realizada em outros eventos e em qualquer época do ano.
Uma de suas características mais marcantes é o uso de trajes de cores fortes e chapéus ricamente enfeitados com fitas coloridas e pequenos pedaços de espelho.

 

Chegança

Festa popular de origem lusa que, ao chegar ao Brasil, transformou-se em comemoração típica que compõe o ciclo natalino. Durante a apresentação, o grupo conta a história das lutas travadas entre mouros e cristãos (cujo propósito era expulsar o mouro invasor) relatando acontecimentos marítimos. A apresentação, que termina com a abordagem dos mouros, vencidos e batizados, ocorre sempre na frente das igrejas, onde uma embarcação de madeira é montada para o desenvolvimento das jornadas.
Os trajes utilizados pelos representantes da Chegança são semelhantes aos da Marinha Brasileira. Os atores recebem patentes simbólicas, como, por exemplo, a de general, almirante, capitão, tenente, etc. Cada um deles tem uma participação especial no drama. Os mouros são representados pelo rei, pela rainha, pelos embaixadores e pelas princesas.
A coreografia é acompanhada pela percussão de quatro ou seis pandeiros que seguem o coro de vozes. O general, que comanda as evoluções, usa um apito para mudar as marchas.

Artesanato

Outra manifestação da arte popular sergipana, o artesanato promove uma pluralidade artística manual e é desenvolvido por pessoas simples que, com dedicação e amor, valendo-se de técnicas arcaicas, passadas de pais para filhos, criam e recriam belíssimas peças. O artesanato, hoje, é uma fonte de renda e um elemento de identidade sociocultural do Sergipe.
Os artesãos produzem as mais variadas peças. O destaque vai para a renda irlandesa, em Divina Pastora; as rendas de bilro, em Poço Redondo; e o bordado tipo Richelieu, em Tobias Barreto. Também merece destaque a cerâmica, produzida em Santana do São Francisco, Simão Dias e Itabaianinha.
Há, ainda, o artesanato de palha em Brejo Grande, Pacatuba e Pirambu. A produção de peças de papel em Cumbe. As bonecas de pano confeccionadas em Nossa Senhora das Dores. Além dos artistas que se destacam isoladamente em todo o Estado.

Fonte: Xingó

Compartilhe

Veja Também

Receba Notícias Pelo WhatsApp