Artigo: As várias contendas dentro da MPB parte II

09/10/2020 22:50

Por Ludwig Oliveira


Artigo: As várias contendas dentro da MPB parte II

Houve muita rivalidade entre cantoras... Quando Elizethe Cardoso passou a ser “Divina”, Angela Maria foi rotulada de brega, as brigas começaram com toda efervescência. A partir do surgimento da televisão as coisas só pioraram e se alastraram para nova MPB recém surgida. Maysa que gostava de um whisky, se prevalecendo dele, roubou o namorado de Nara Leão, Ronaldo Bôscoli, levando-o para Buenos Aires, de lá voltou noiva dele e convocou uma coletiva de imprensa no aeroporto para anunciar o casamento. Bôscoli esperneou, mas nunca mais viu de perto a musa da Bossa Nova.

A “pimentinha”, Elis, que sempre foi encrenqueira, havia chamado Caetano de idiota, pois não aceitava guitarra elétrica... fez mandiga contra Roberto, Erasmo e Wanderleia, colocou seus nomes na boca de um sapo e jogou no lado esquerdo da Marginal Tietê quando esses ameaçavam roubar seu público na TV Record, mas depois ficaram amiguinhos, onde chegou a gravar Roberto, posou com ele e a amiga/comadre, Wandeka, que servia de babá para o filho João Marcello. Águas passadas... não de “março”.

Na fogueira das vaidades das cantoras, aliás, Elis deu uma boa dose de colaboração no “não gosto dessa, aquela é uma nojenta, odeio aquela ali, aquela lá fala mal de mim”, e por aí afora. Com Maria Bethânia, outro monstro sagrado, primeiro elogiou muito para depois declarar batalha campal, atraindo Gal Costa para a sua casamata. Bethânia se afastou de Elis e ignorou até sua morte.

- Maria Bethânia, em tempos pretéritos, falou muito mal de Gilberto Gil, podem ter esquecido e “se” perdoado, mas o fato é que já quebraram os amalás de xangô. Rasgaram suas fantasias. Mas nunca deixaram de ser “Doces Bárbaros”, tudo voltou ao normal, selaram a paz.

Bete Carvalho jurou Elis de morte quando ela lhe “roubou” uma canção de Nelson Cavaquinho chegando a gravar antes em um disco seu, quando Bete estava pronta para lançar o compositor com todo o seu aprouche de sambista. Nana Caymmi, sempre ela, detestava Elis por achar a gauchinha muito atrevida e belicosa. Elis engolia o choro, cantava ainda melhor e declarava seu amor à Clara Nunes e Rita Lee e até mesmo à Simone. Paciência, não se pode gostar de todo mundo.

Benito Di Paula X Paulinho da Viola

Benito Di Paula despontou em 1973 com um samba tocado ao piano, “Retalhos De Cetim”, foi um dos seus maiores sucessos. Em 1975 Paulinho da Viola lançou “Argumento“, a canção falava sobre a descaracterização do samba. Veja: “Tá legal, eu aceito o argumento, mas não me altere o samba tanto assim olha que a rapaziada está sentindo a falta de um cavaco, de um pandeiro e de um tamborim. Benito devolveu com “Osso duro de Roer”. Veja: Estão querendo tirar meu nome do samba, tirar meu tempo de bamba, dizendo até que eu já me despedi, é que ainda não chegou minha vez de ir embora, deixa esta gente falar é inveja que eles sentem. Ambos garantiriam que não se tratou de uma contenda...

Os nossos ídolos sempre existiram e existirão, a gente continuará ouvindo-os sem se importar com as bobagens que dizem, mas o importante é não tomarmos partido, não entrarmos no mérito da questão.

Est Modus In Rebus.

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