Artigo: Domingos Pascoal de Melo, divisor de águas na cultura sergipana¹ - Por Igor Salmeron

17/05/2022 06:16


Artigo: Domingos Pascoal de Melo, divisor de águas na cultura sergipana¹ - Por Igor Salmeron

O presente artigo tem valor bastante especial, pois trata de uma gloriosa figura que faz a diferença por onde passa. Incentivador sem limites da área cultural e defensor ferrenho da educação, Domingos Pascoal de Melo se faz paradigma tanto em Sergipe quanto além-fronteiras. Nascido na cidade de Groaíras, no Ceará, num dia 23 de abril do ano de 1950. O filho de Dona Lídia Ximenes Melo e de Seu Sebastião Ximenes Melo, aprendeu desde cedo a superar as dificuldades e ter persistência para alcançar os seus objetivos. Foi o terceiro filho de uma prole de 12 ao total. 

Da amável mãe Dona Lídia, Pascoal herdou lições valiosas, sobretudo, nas searas do amor e do respeito. De Seu Sebastião, ele compreendeu que a ética lhe conduz a caminhos nunca dantes navegados. Não à toa carrega consigo o acatamento às regras de convivência, às leis, aos outros e a Deus, sendo este o seu maior guia. No universo acadêmico, Pascoal obteve formação tanto em Filosofia quanto em Direito. Atuou em diversas searas, às quais podemos enlevar: advogado, professor, radialista, jornalista-correspondente e ainda trabalhou como servidor do Tribunal Regional do Trabalho entre os anos de 1993 a 2003, ano que assinalou a sua aposentadoria do referido órgão. 

Um dos seus maiores predicados é o pioneirismo. Foi responsável pela fundação da Federação de Ciclismo de Sergipe, no ano de 1992, e participou como membro de várias comissões da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/SE). Escritor dos mais prolíficos, esteve na linha de frente, sendo um dos notáveis colunistas junto ao clássico Portal Infonet, donde nos brinda com irretocáveis artigos e crônicas político-sociais. Escreveu para a inesquecível Revista local denominada Perfil, além dos textos que publica em jornais da capital sergipana e em Fortaleza, sua terra natal. 

Membro da Academia Sergipana de Letras desde o ano de 2009, quando passou a ocupar a cadeira de número 17, antes pertencente ao insigne Mário Cabral. Domingos Pascoal é exemplo na prática de que mesmo uma pessoa vinda de família humilde pode conseguir realizar seus sonhos com a devida dedicação e imperecível constância. Ao aportar em Sergipe, se sentiu acolhido, se encontrou e foi encontrado ao mesmo tempo. Sua paixão e batimentos cardíacos se encontram ladeados tanto por Sergipe quanto pelo Ceará, essas espécies de duas nações que representam tudo para ele. 

Na melíflua esfera doméstica contraiu belo matrimônio com a ex-presidente do Tribunal Regional do Trabalho de Sergipe (TRT/SE), desembargadora Dra. Maria das Graças Monteiro Melo. Os dois vieram de famílias simples e aguerridas, e os mesmos herdaram questões referentes ao respeito mútuo, e a contumácia ao trabalho em prol do bem coletivo. Os dois quando desembarcaram em Sergipe não imaginavam que aqui seria o local em que amadureceriam como profissionais, seres humanos e como núcleo familiar. 

Se encantaram pelas belas praias, esbeltas praças, a estonteante Catedral Metropolitana, e pelas cidades históricas exemplificadas por São Cristóvão e Laranjeiras. Ambos afirmavam que sempre acharam a população sergipana como sendo gente afável e hospitaleira, que tanto encanta quanto acalenta. Maria das Graças vale ressaltar é formada em Direito, com mestrado em Direito Público. Ingressou na Justiça do Trabalho no ano de 1975, como servidora, ainda no Ceará. Casou-se com Domingos Pascoal em 1976, e logo depois prestou concurso para magistrada da 5ª Região do TRT, na Bahia, mas sempre trabalhou em Aracaju donde edificou legado de honestidade, bem-querer e temperança. 

A história de amor entre Domingos e Maria das Graças é bem antiga. Podemos afirmar que já na década de 60 havia ocorrido a fagulha desse encontro de almas. Ambos estavam na escola Paroquial Pio XII, em Groaíras, onde cursavam o ensino primário. Desde 1966 não se desgrudaram. Quando Domingos fez 18 anos, partiu rumo ao Rio de Janeiro, onde enfrentou os mais variados estorvos característicos de uma metrópole. Trabalhou como vendedor de livros e garçom, quando nesse referido tempo despertou-se para a atividade jornalística, mais especificamente como ajudante na Gazeta de Notícias, no ano de 1971. 

Ao retornar para o Ceará, casa-se justamente com Maria das Graças, dessa marcante paixão nasceu a única filha do casal: Ana Rita Monteiro Melo. Nessa ocasião verificada, Maria das Graças atuava como dileta serventuária da Justiça do Trabalho, enquanto Pascoal era vendedor lojista e motorista de táxi nas horas livres. Na Justiça do Trabalho, Maria das Graças iniciou sua fecunda vida pública no cargo de auxiliar judiciário em 1975, sendo promovida a técnico judiciário no ano de 1985. Atuou como professora de Direito do Trabalho na Universidade de Fortaleza (Unifor). Em 1988 Maria das Graças passou em concurso público para a magistratura trabalhista, quando toda a família veio para Sergipe e onde aconteceu a lotação da então nova juíza do trabalho. 

Domingos Pascoal se formou em Direito pela Unifor no ano de 1988, e acompanhou então a esposa nesta jornada para Sergipe e iniciou os seus trabalhos como advogado, até ser admitido, por concurso público, para servidor do TRT, onde ocupou notabilizadas funções, entre elas: diretor da secretaria da 3ª junta. Com o passar dos anos, a juíza trabalhista Maria das Graças chegou à presidência da eminente Associação dos Magistrados da Justiça do Trabalho da 20ª Região, sendo depois promovida à juíza do Tribunal Regional do Trabalho. O mês de dezembro de 2008 assinalou a sua posse como presidenta do TRT da 20ª Região, cujo mandato se deu entre o biênio 2008 a 2010.

Após se aposentar, Domingos Pascoal passou a se dedicar à área literária. Foi radialista, fundou o jornal “O Ceará”, atuou como correspondente da Tribuna do Ceará, O Povo e Diário do Nordeste. Em 2008, lançou o livro intitulado “Experimente Mudar”, que foi recebido com sucesso pela crítica e pelos leitores. Pascoal é ainda sócio efetivo do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe, foi ocupante da cadeira de número 11 do Movimento de Apoio Cultural Antônio Garcia Filho da Academia Sergipana de Letras, donde em 2009 acabou sendo eleito para a cadeira de número 17 da ASL, na sucessão do brilhante escritor e poeta Mário Cabral. 

Além da obra “Experimente Mudar”, é autor também de “A Mudança Começa em Você” publicado em Portugal e o sensível “A Janela Azul”, um deleite para quem é apaixonado por aflorada literatura do mais alto nível. É desbravador no universo da instalação de Academias pelos interiores sergipanos, ademais se consagrou com criador, organizador e executor de diversos Encontros Sergipanos de Escritores e Leitores, dos Concursos Literários da Loja Maçônica Cotinguiba, de Antologias Literárias, Bienais de Livros em Itabaiana. Foi Vice-Presidente do Tribunal de Ética e Disciplina da OAB pelo período de seis anos. Apresentou por vários anos o excelente Programa “Diálogos Literários com Domingos Pascoal” na antiga TV Cidade. 

Idealizador das Academias Literárias dos Municípios sergipanos, contribuindo para a criação, instalação, manutenção e funcionamento de todas as Academias já existentes sendo, por convite, sócio honorário, Medalha Luiz Antônio Barreto, da ALL – Academia Lagartense de Letras, Honorário  da ALAS – Academia do Amplo Sertão Sergipano, da ARLA – Academia Riachuelense de Letras e Artes, Presidente de honra da ACLH – Academia Cristinapolitana de Letras e Humanidades, da ALES – Academia de Letras Estudantil de Sergipe e da Academia Canindeense de Letras e Artes; membro efetivo da ASL – Academia Sergipana de Letras, da ATLAs- Academia Tobiense de Letras e Artes, da ALLE Academia Laranjeirense de Letras, AEL- Academia Estanciana de Letras, da  ADL – Academia Dorense de Letras, da AGL – Academia Gloriense de Letras e, da Academia Maçônica Sergipana de Artes Ciências e Letras dentre outras. É também Sócio Efetivo da ASI – Associação Sergipana de Imprensa, da ACEJE Associação Cearense de Jornalistas do Interior e da ACE – Associação Cearense de Escritores é Associado da CNEC, Sergipe.

Conclui-se que Domingos Pascoal é daquelas pessoas que são genuínos divisores de águas por onde atuam. Sua humildade e jeito simples de tratar o semelhante já fazem dele um verdadeiro iluminado. Deixa legado em vida de bem-servir à toda comunidade sergipana, e, nomeadamente, à fascinante cultura telúrica. Seguiu fielmente os conselhos maternos de trilhar os caminhos proporcionados pela educação, brandindo a caneta ao invés da enxada. Nesses sinuosos tempos em que se tenta dissolver os valores familiares, Domingos Pascoal nos faz enxergar que toda base efetiva de uma sociedade próspera se baseia na perspectiva educacional e felicidade conjugada. 

¹ Texto escrito por Igor Salmeron, Sociólogo - Doutorando em Sociologia pelo Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Federal de Sergipe (PPGS-UFS), com pesquisas financiadas pela FAPITEC/CAPES e faz parte do Laboratório de Estudos do Poder e da Política (LEPP-UFS). Membro vinculado à Academia Literocultural de Sergipe (ALCS) e ao Movimento Cultural Antônio Garcia Filho da Academia Sergipana de Letras (MAC/ASL). E-mail para contato: [email protected]

 

 

 

 

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