Artigo:Pérolas da UFS III - Por Juviano Garcia

22/06/2022 05:28


Artigo:Pérolas da UFS III - Por Juviano Garcia

Neste artigo, diferentemente dos dois anteriores e, por questão de respeito, contarei os milagres mas trocarei os nomes dos santos.

Na minha condição de Coordenador de Programação Orçamentária, função que exerci por quase toda a minha permanência na UFS, tinha um bom relacionamento não só com os técnicos administrativos da instituição como também ao pessoal docente e a muitos discentes que me procuravam para pedir informações sobre o orçamento, aos quais nunca soneguei nenhum dado, pois sempre considerei que não havia nada a esconder da comunidade universitária. Por essa razão sempre fui muito querido do pessoal do DCE, especialmente do saudoso governador Marcelo Déda e do prefeito Edvaldo Nogueira. Nas minhas conversas com docentes e discentes tomei conhecimento de histórias curiosas na área acadêmica, algumas das quais passo a relatar, obviamente trocando os nomes dos personagens.

Havia um professor no curso de Direito, muito competente, por sinal, que, porem, não dava a mínima importância à avaliação dos alunos e, nas suas provas, sempre atribuía notas ótimas para todos, independentemente do que respondessem. Dizia ele que quem quer ser bom não precisa ser avaliado. Certo aluno que, na segunda prova, já havia obtido média suficiente para passar, entregou a terceira prova em branco.

No dia que foi entregar as notas, o professor fez questão de dizer as notas de todos em ordem alfabética, deixando por último o nome do aluno que entregou a prova em branco.

- Quem é José dos Santos?

O aluno gelou. Pensou: é agora que eu vou ser enxovalhado.

- Sou eu, professor.

- O senhor está querendo me desafiar? Está querendo medir forças comigo? Está pensando que eu vou lhe dar uma nota baixa? Não. Aqui quem manda sou eu. A sua nota é nove.

Eu próprio, quando aluno de Economia, tive um professor de História Econômica, muito competente e querido de todos os seus alunos, que repetia todos os semestres as provas aplicadas no semestre anterior, sem mudar nenhuma vírgula. Era também do tipo que valoriza o aprendizado acima da avaliação. Certa feita o diretor da Faculdade de Ciências Econômicas e Administrativas lhe chamou e disse:

- Adalberto, você precisa mudar essas provas, está ficando ridículo todo semestre as mesmas questões, na mesma ordem!

- Gilberto, eu sou professor de História e a História não muda. Como é que você quer que eu mude as provas?

Outro professor que me impressionou foi o de Economia Internacional, que, no semestre anterior ao que fomos seu aluno assistimos ele se dirigir aos berros a outro professor da UFS, porem de outro Departamento, porque este havia furado uma fila para eleição do diretório.

No primeiro dia de aula com ele toda a turma estava apreensiva, lembrando o escândalo do semestre anterior. Ele começou a sua aula, batendo na mesa, fazendo caretas, era, a aula mais estranha que vimos. Todos nós sentíamos uma vontade quase insuportável de rir, mas nos contínhamos por puro medo. De repente ele parou a aula, olhou para a turma e disse:

- Vocês estão querendo rir. Riam, meus filhos, riam, que sorrir faz bem à alma.

Pronto. Foi a senha para a risada geral.

Veio a primeira prova. Ele passou um trabalho individual para casa. No dia de entrega das notas ele fez questão de lê-las, uma a uma. Fulano – cem; cicrano – cem e assim foi até o último aluno. Todos nota cem. No segundo trabalho repetiu-se o mesmo cenário, ou seja, um cenário de notas cem e no terceiro também, de sorte que toda a turma foi aprovada com media cem na sua disciplina.

Uma de suas últimas aulas, já todos aprovados, coincidiu com um jogo do Sergipe e ninguém foi prestigia-lo. Ele entrou na sala, deu boa noite às carteiras vazias e começou a dar aula como se a sala estivesse repleta de alunos.

Outro dos meus professores, que, por sempre se trajar de terno de linho branco, nós o apelidamos de Pombinho Branco. Sua aula era uma fonte inesgotável de conhecimentos gerais e bom humor. Também era dos que não se preocupavam com notas nas provas. Nos dias de prova levava um exemplar da Gazeta de Sergipe, distribuía as provas, sentava-se no seu bureau e, tranquilamente lia o seu jornal. A turma aproveitava a distração do professor e abria seus cadernos e livros para “pescar”. Em determinado momento ele baixava bruscamente o jornal e a garotada se desesperava escondendo, como podiam, os cadernos e livros, o que causava um som chiado por toda a sala.

Ele, calmamente, se dirigia a algum aluno e perguntava: Alguma dúvida, meu filho? Este, para despistar, respondia: sim, professor, esse segundo quesito. Leia aí, meu filho. Quando o aluno acabava de ler ele dizia: escreva aí, meu filho, e ditava a resposta para toda a turma. Mais alguma dúvida? Outro aluno alegava outra questão e o mesmo ritual se repetia, até que ele respondesse todas as questões da prova.

 

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