Pfizer procurou embaixada do Brasil nos EUA para ter resposta sobre oferta de vacinas

10/06/2021 23:36

Pfizer procurou embaixada do Brasil nos EUA para ter resposta sobre oferta de vacinas


Pfizer procurou embaixada do Brasil nos EUA para ter resposta sobre oferta de vacinas

Um documento que está em análise na CPI da Covid mostra que a farmacêutica Pfizer apelou até para a embaixada brasileira em Washington na tentativa de vender vacina para o Brasil ainda no ano passado.

Para o comando da CPI da Covid, os depoimentos e arquivos entregues até agora não deixam dúvidas de que o governo brasileiro ignorou ofertas de vacinas da Pfizer que poderiam, inclusive, ter chegado ao Brasil ainda no ano passado. Foram mais de seis meses entre a primeira proposta formal, em agosto, e o fechamento do contrato, em março deste ano.

A primeira oferta oficial da Pfizer foi em 14 de agosto de 2020. A empresa ofereceu 500 mil doses para serem entregues em 2020, e pediu uma resposta até 29 de agosto.

Sem retorno, no dia 27, os presidentes da Pfizer na América Latina e no Brasil pediram ajuda à embaixada do Brasil em Washington, nos Estados Unidos, para obter uma resposta.

No dia 28, a embaixada encaminhou um documento ao Ministério das Relações Exteriores, à época comandado por Ernesto Araújo. A TV Globo teve acesso ao texto que relata que os "dirigentes da Pfizer ressaltaram ao posto a importância de que o governo brasileiro manifeste interesse pela compra da vacina até 29/8, com base em proposta comercial apresentada aos ministérios da Saúde e da Economia em 14/8".

 Os dirigentes da Pfizer também fizeram um alerta: “que o risco brasileiro, neste momento, seria o de não assegurar a aquisição da quantidade mínima pretendida da vacina, cuja demanda de outros países, conforme ressaltaram, tenderia a aumentar no futuro próximo”.

Mas o pedido de ajuda via embaixada não surtiu efeito. Em depoimento à CPI no mês passado, o presidente da Pfizer na América Latina, Carlos Murillo, detalhou os sucessivos fracassos de diálogo com o governo.

Diante do silêncio federal em Brasília, em novembro e depois em fevereiro deste ano, a Pfizer apresentou novas propostas. Mas o Ministério da Saúde só assinou o contrato em março.

Um dos objetivos da CPI é apurar omissões do governo federal na compra de vacinas e o consequente atraso na imunização do país. Especialistas dizem que um dos motivos do fracasso do Brasil no enfrentamento da doença é justamente a falta de vacinas.

Governistas afirmam que as negociações entre governo e Pfizer não avançaram à época por entraves jurídicos na legislação do Brasil. A Pfizer garante que as condições apresentadas ao Brasil foram as mesmas de contratos fechados em vários outros países.

“É querer forçar a mão de que o Brasil se negou a negociar com a Pfizer, é forçar a barra. A própria Pfizer repetiu no plenário da CPI várias vezes. Não havia condições jurídicas, não havia segurança jurídica para assinar o contrato antes de se fazer a mudança legislativa. Qualquer coisa fora disso é narrativa. Não se sustenta”, disse o senador Marcos Rogério (DEM-RO).

A oposição ressalta que a vacinação poderia ter começado antes.

“Na oitiva com Carlos Murillo, o CEO da Pfizer para América Latina, ficou claro que a Pfizer, desde março, maio de 2020, tenta relação, tenta conversas com o governo para poder vender a vacina. O governo só foi apresentar um plano nacional de imunização contra a Covid por determinação do ministro Lewandowski, do STF, em dezembro de 2020. Até lá, até esse período, o governo se negava a adquirir vacinas em grande quantidade”, afirmou o senador Rogério Carvalho (PT-SE).

Fonte: JN

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