Por Onde Anda Você: Seu Jovino

19/07/2019 21:55

Por César Cabral


Por Onde Anda Você: Seu Jovino

Jovino Pizzi dos Reis, Seu Jovino da Oficina, nasceu no dia 4 de fevereiro de 1937, em Aracaju, na avenida Simeão Sobral, 716, local onde em 1960 abriria a Auto Mecânica Popular, tradicional oficina de Aracaju especializada em mecânica geral e serviços de motor, suspensão, parte elétrica e alinhamento.

Filho de Josué Bonfim, funcionário dos Correios, encarregado pela manutenção dos aparelhos de telégrafo, e Dona Aline Pizzi dos Reis.

Um homem íntegro, de fala pausada, honesto e zeloso no comando da sua empresa, logo conquistou a confiança e simpatia da sua clientela, principalmente pela qualidade dos serviços, preços justos e pontualidade na entrega dos veículos. Seu Jovino sempre foi uma referência em Aracaju, admirado pelos amigos e clientes e respeitado pelos concorrentes.

Estudou as primeiras letras (curso primário) no Colégio de Dona Maria, no bairro Santo Antônio. O curso Ginasial ele fez no Atheneu Sergipense e, já adulto, fez o Curso de Contabilidade no Colégio Pio Décimo. 

Começou a trabalhar ainda muito jovem, aos 14 anos, como vendedor de tecidos na loja A Moda, de propriedade do senhor João Hora, localizada no cruzamento das ruas João Pessoa e Laranjeiras, no centro comercial de Aracaju. Uma das melhores e mais charmosas lojas da capital sergipana, que ocupava dois andares do Edifício Mayara. 

Como sempre gostou de futebol, foi jogar no juvenil do Clube Sportivo Sergipe, clube que o seu patrão, João Hora, era dirigente. No futebol ficou conhecido como Pizzi e era considerado um bom goleiro. Recorda que jogou durante três anos com vários atletas que se tornaram profissionais, a exemplo dos irmãos Barros (Nilson, Zé Alvino, Nivaldo e Niltinho). Lembra, com orgulho, que o seu treinador era o conhecidíssimo Manoel Felizardo do Nascimento, o Pirricha. 

Foi desaconselhado, pelos parentes, a se profissionalizar no futebol, preferindo, também, deixar a loja A Moda e montar o seu próprio negócio. Como já possuía um bom conhecimento de mecânica, aprendido (nas horas vagas) na Retífica Mestre Lindolfo, optou por abrir a Auto Mecânica Popular, empresa que funcionaria por longos 54 anos.

Casou-se no dia 25 de junho de 1960 com Maria Rosa Monteiro dos Reis, sua prima em segundo grau, que conheceu no dia do sepultamento do pai dela, Jovino Campelo Monteiro, seu tio, que morava em Salvador, mas a família decidiu sepultá-lo em Aracaju, onde moravam quase todos os parentes. Ainda jovens, Jovino com 17 anos e Maria Rosa com 14, começaram então uma linda história de amor iniciada num momento de muita tristeza, para eles. 

Dessa união, tiveram sete filhos. Josué, Ana Maria, Mário Sérgio, Clara, Daniel e outros dois que morreram prematuramente. Os filhos lhes deram nove netos e dois bisnetos. Infelizmente, um dos netos, Felipe, faleceu, vítima de acidente de moto. 

Seu Jovino lembra, orgulhosamente, dos tempos áureos da Auto Mecânica Popular, na avenida Simeão Sobral, quando atendia várias personalidades aracajuanas, que lhes entregavam os seus veículos numa demonstração de absoluta confiança. Murilo Dantas, Dr. José Augusto Barreto, Cel Gildo Mendonça, Walter Barreto (Portobrás), Geraldo e Manoel Rezende, entre outros, eram clientes cativos.

Atender a todos, indistintamente, sempre foi o lema da sua oficina, razão pela qual liderava o setor na capital sergipana. Serviço mecânico feito por ele era garantido.

Durante meio século, a sua empresa se manteve sólida no mercado, honrando os seus fornecedores (Transvemasa, Dimave, Cimavel, Concorde, Auto Moderno, Santana, Pereira, etc) e prestando serviços da melhor qualidade.

Mas, ao realizar serviços para o setor público (Governo do Estado e algumas prefeituras do interior) acabou ficando sem receber cerca de R$ 120 mil, os quais, somados aos outros R$ 85 mil de uma Locadora de veículos que prestava serviços para a Petrobrás, motivaram o fechamento da Oficina, após 54 anos de atividade.

Para sanar compromissos com os seus fornecedores, vendeu dois imóveis que possuía no Bairro Santo Antônio.

Atualmente, mora na rua do Rosário, no B. Santo Antônio, em Aracaju, numa casa alugada, ao lado da sua esposa, Maria Rosa, a quem muito deve pela superação de todas as dificuldades enfrentadas.

Seu Jovino é, sem dúvida, um exemplo de seriedade, honradez e homem de muita fé e superação. 

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