O padre Padilha, sergipano, ordenou-se em Porto Alegre e foi um religioso muito à frente do seu tempo. Ainda jovem, tinha ideias progressistas.

José Padilha de Oliveira, nasceu em Tobias Barreto, no dia 10 de outubro de 1939. Filho de Pedro Correia de Oliveira e D. Alzira Padilha de Oliveira, membro de uma família formada por oito filhos, sendo ele o mais velho. Com pouco tempo de vida, foi dado para ser criado por duas senhoras, solteiras, tias da sua mãe.  

Camerina Maria da Cruz e Astéria Maria da Cruz, tiveram, então, a incumbência de cria-lo como se mães elas fossem. O menino Padilha sempre foi mais ligado à primeira, daí, desde cedo, começou a ser conhecido na cidade como “Zé de Camé”, apelido gerado por ser José, filho de Dona Camé.

Aluno sempre aplicado, começou a estudar no Grupo Escolar Tobias Barreto, onde fez o curso primário. O curso ginasial e o científico ele fez no Seminário Sagrado Coração de Jesus, em Aracaju. No ano de 1959, foi estudar no Seminário Maior Imaculada Conceição, em Viamão, na Grande Porto Alegre. Fez vestibular e cursou Filosofia e Teologia, por longos sete anos.

A sua ordenação como padre, ocorreu no dia 12 de dezembro de 1965, numa solenidade religiosa presidida pelo arcebispo metropolitano de Porto Alegre e cardeal da Igreja Católica, Dom Vicente Sherer, realizada na Igreja de São Sebastião, em Porto Alegre e a sua primeira celebração, a Missa Festiva, ocorreu em Tobias Barreto, sua terra natal, no dia 30 de janeiro de 1966.

De volta a Aracaju, exerceu o ofício religioso durante nove anos, tendo sido, inclusive, o primeiro pároco da paróquia de São Pedro e São Paulo, localizada no bairro 13 de Julho, criada por Dom Vicente Távora, Arcebispo Metropolitano. 

Padilha foi um padre moderno, com ideias progressistas, um homem à frente do seu tempo. Ele e o padre Arnóbio Patrício de Melo faziam a diferença, literalmente, da Igreja conservadora. Foi capelão do Colégio Nossa Senhora de Lourdes, tradicional estabelecimento de ensino administrado pelas irmãs Sacramentinas e que funcionou, por longos anos, na rua José do Prado Franco, no centro de Aracaju.

Em 1975, com outros projetos de vida na cabeça, resolveu, como se diz, “deixar a batina”. Na época, não era um processo tão fácil. Pelo seu conservadorismo, era comum a Igreja considerar “excomungado” quem assim procedesse. No entanto, o padre Padilha saiu pela porta da frente, de cabeça erguida, com as bênçãos do sumo pontífice. Isto, ele agradece, muito, às intervenções do arcebispo Dom Luciano José Cabral Duarte e do monsenhor José Carvalho de Souza que intercederam em seu favor junto à Santa Sé, em Roma.

Como já havia concluído o Curso de Direito, em 1973, resolveu, então, montar seu escritório de advocacia, no Edifício Cidade de Aracaju. A partir de então, o padre sai de cena e entra em campo o advogado cristão. Durante alguns anos, exerceu a atividade jurídica defendendo as mais variadas causas, até se tornar Defensor Público do Estado de Sergipe, no Governo Valadares.

Foi um dos responsáveis pela chegada e fortalecimento em Sergipe da Associação dos Dirigentes Cristãos de Empresas (ADCE), entidade ecumênica que tinha como propósito despertar o empresariado a não ver o lucro pelo lucro, mas, harmonizar o capital valorizando o trabalhador através o bem-estar social. Nesse contexto, conviveu com vários empresários sergipanos.

No campo político, teve algumas incursões interessantes. Sempre com espírito renovador, fundou o PSL (Partido Solidarista Libertador), que mais tarde passou a ser PHS e posteriormente PSN. Foi estimulado a ser candidato a vereador, mas, não viabilizou este intento.  Foi assessor particular de alguns políticos, a exemplo de Viana de Assis, Lourival Baptista, João Alves Filho e Antônio Carlos Valadares.

Prestes a completar 80 anos, José Padilha de Oliveira é casado com D. Deilza Melo de Oliveira, tem dois filhos, dois netos e reside na rua Álvaro de Brito, 62, em Aracaju.