No fascinante cenário da cultura sergipana diversas figuras enlevam-se com devido merecimento; uma dessas reside na saudosa pessoa de Regina Lúcia Matos Spinelli, conhecida como Lú Spinelli. Nascida na Bahia, radicou-se em Aracaju/SE no ano de 1971, donde se destacou pelo pioneirismo na inserção da dança moderna e contemporânea no Estado de Sergipe. Na História, Lú foi quem fundou a Escola Studium Danças no cenário aracajuano. 

 

Por lá produziu miríade de inesquecíveis espetáculos, vindo tanto a formar quanto exportar inúmeros dançarinos para diversos estados do país e além-fronteiras. Spinelli, pode-se afirmar, teve papel primordial no fomento desta manifestação artística, prova disso é que segue sendo referencial em coreografias até os dias hodiernos. Em mais de cinco décadas de prolífica carreira, chegou a ser integrante do Conselho Estadual de Cultura de Sergipe bem como do Conselho Brasileiro de Dança – CBDD, donde ganhou a Medalha de Honra ao Mérito Artístico. 

 

Bailarina brilhante, fez da coreografia e das aulas de dança moderna seus principais pontos norteadores. A Escola de Dança Studium, vale dizer, foi a primeira Companhia de Dança Cênica de Sergipe, fator que atesta o seu olhar-além do tempo. Dentre diversas homenagens, destaque-se a Moção de Louvor que o Conselho Universitário da UFS realizou pela ocasião que marcara os seus 40 anos de trajetória profissional. 

 

A divulgação que Spinelli fez a respeito das danças acadêmicas, étnica e folclórica é ponto a ser realçado com lídimo merecimento. Além disso, ela teve função proeminente na esfera do fortalecimento das danças que compunham o Festival de Artes de São Cristóvão. A mesma atuou como bastião cultural por onde passou, com sua personalidade forte e verdadeira, oferecia o seu melhor em cada projeto que se prontificava a fazer. 

 

Sem dúvidas, era uma operária da arte. Dedicou 43 dos 56 anos de carreira à formação dos profissionais da dança em Sergipe, sempre perseguindo seus objetivos com perseverança e contagiante vivacidade. Transformou o Estado numa vitrine que viabilizou oportunidades para a sua classe. Desconstruiu preconceitos a respeito da dança e conseguia reunir pobres e ricos num mesmo palco, proeza rara. Chegou a organizar o 1º Festival de Dança Moderna, Contemporânea e Afro superando barreiras e limitações impostas pelo regime militar. 

 

Conclui-se que Spinelli foi e continuará sendo referência tanto em Sergipe quanto em nível nacional, pois disseminou a rica cultura sergipana como poucos fizeram com desmedido amor e dedicação. A dança, acredito eu, para ela era como livro em branco; seu corpo a tinta que preenchia cada página com suas lancinantes emoções e sentimentos. Lú continua viva!

 

Igor Salmeron - Doutor em Sociologia pela UFS, escritor, articulista e biógrafo. Membro da ALCS e do MAC da Academia Sergipana de Letras (MAC/ASL).  Contato: [email protected]