Artigo: Clodomir Silva, um tordo iluminado
09/04/2022 07:26
Artigo: Clodomir Silva, um tordo iluminado
Por Igor Salmeron (*)
Se existe um nome reluzente no idílico cenário cultural sergipano, este reside na pessoa de Clodomir Silva. Dos mais prolíficos, Clodomir foi jornalista, escritor, advogado e político. Nascido no dia 20 de fevereiro do ano 1892 na cidade de Aracaju, teve suas primeiras incursões de estudos no tradicional Colégio Atheneu Sergipense. Quando tinha 19 anos, teve insigne fagulha na carreira jornalística, escrevendo torrencialmente para inúmeros jornais, dos quais podemos enlevar o Correio de Aracaju, Estado de Sergipe e Sergipe Oficial.
Aluno esforçado e com tino para leituras, cursou a Faculdade de Direito de Recife, foi integrante da primeira geração que caracterizou o Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe, bem como a Loja Maçônica Capitular Cotinguiba e a eminente Academia Sergipana de Letras. Atuou como exímio Professor do Colégio Atheneu e da Escola Técnica de Comércio Conselheiro Orlando, ademais tendo sido deputado estadual por duas ocasiões. Ao fazer um mapeamento dos seletos da intelectualidade sergipana, notamos que Clodomir Silva fulgura entre os vultos nos anos de 1920 a 1932.
Seus magistrais trabalhos encapsulam a História de Sergipe como poucos o fizeram. Dentre tantos, tem-se a “O Álbum de Sergipe” (1920) e “Minha Gente” (1926) que fazem radiografia cristalina do contexto histórico bem como destila sobre os costumes da população local, constituindo-se em genuína aula de antropologia político-social. O “Álbum de Sergipe” foi livro realizado para comemorar o 1º centenário da Emancipação Política de Sergipe, nele Clodomir sintetizou a geografia, a esfera econômica e o modo de gerir Sergipe.
Se quisermos compreender a unidade político-administrativa sergipana em seus primeiros cem anos devemos passar obrigatoriamente por Clodomir Silva. Na obra denominada “Minha Gente”, o autor nos destrincha os idiossincráticos costumes do povo sergipano, suas fascinantes nuances e peculiaridades. Por tantos serviços prestados, recebeu diversas homenagens. Existe a biblioteca que leva a sua alcunha, uma maçonaria, também o empresta ao relevante Grêmio Escolar do Colégio Atheneu Sergipense e para uma travessa no antológico bairro Getúlio Vargas.
Seus esforçados pais, Seu Eugênio José da Silva e Dona Argemira de São Pedro e Silva souberam o criar com valores de honestidade e dedicação ao conhecimento. Sem dúvidas Clodomir Silva faz jus a insigne safra de mentes brilhantes sergipanas, dentre as quais: João Ribeiro, José Rodrigues da Costa Dória, Gilberto Amado, Manoel Bomfim, Jackson de Figueiredo, Graccho Cardoso, Aníbal Freire, Dias de Barros, Felisbelo Freire, Gentil Tavares da Mota, Hunald S. Flor Cardoso, José Calazans dentre cornucópia de avultados.
É fundamental destacar que Clodomir Silva foi um dos fundadores da Academia Sergipana de Letras no ano de 1929, chegando a ocupar a cadeira de nº 13 que teve como Patrono Frei José de Santa Cecília. Atuou como Diretor da Instrução Pública de Sergipe, e tem seu conspícuo nome eternizado na seara cultural sergipana, sobretudo, no que concerne aos mais enraizados hábitos e tradições. Faleceu precocemente em Aracaju num dia 10 de agosto do ano 1942 vítima de febre tifoide.
Conclui-se que este personagem não se esvai jamais. Como diria o saudoso Freire Ribeiro, na embriaguez do azul Clodomir Silva se expande imperecível. Sua vital missão era propagar cultura e nessa ele permanece como àqueles imbatíveis!
(*) Igor Salmeron é sociólogo, doutorando em Sociologia pelo Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFS.
Compartilhe