Sanfona: o instrumento que ultrapassa gerações e dá o tom aos festejos juninos no nordeste
26/05/2023 18:18
Por Thaiara Silva
No coração da cultura nordestina, um instrumento singular e cheio de encanto se destaca: a sanfona. Com suas notas vibrantes e acordes cativantes, a sanfona é a protagonista de um dos ritmos mais queridos e enraizados do Brasil, o forró. No dia 26 de maio, comemoramos o Dia do Sanfoneiro, uma homenagem merecida aos mestres dessa arte que dão vida e alma às festas juninas e aos corações dos nordestinos.
A sanfona, esse instrumento icônico do nordeste brasileiro, transcende gerações e dá o ritmo pulsante aos festejos juninos. Seus acordes são como poesia musical, transportando as pessoas para as tradicionais quadrilhas e arrasta-pés que enchem de alegria os corações nordestinos. É impossível pensar nas festas juninas sem a presença marcante da sanfona, que ecoa em músicas como "Asa Branca", imortalizada na voz de Luiz Gonzaga, ou "Isso Aqui Tá Bom Demais", eternizada por Dominguinhos. Essas melodias têm o poder de unir famílias, relembrar memórias e celebrar a cultura do nordeste brasileiro. A sanfona é a alma dessas festividades, conduzindo os passos das danças típicas e enchendo o ar com seu som característico. Ela é testemunha viva da tradição e representa a identidade musical do povo nordestino. Desde os mestres como Luiz Gonzaga e Dominguinhos até os jovens talentos que surgem, a sanfona continua a ser o instrumento que dá o tom aos festejos juninos, mantendo viva a chama do forró e encantando corações em todas as gerações.
A representatividade da sanfona vai além de sua sonoridade inconfundível. Esse instrumento é um verdadeiro símbolo da identidade nordestina, carregando consigo as memórias de um povo e a herança cultural de gerações. O forró, gênero musical intimamente ligado à sanfona, é uma manifestação artística que celebra a vida, o amor e as tradições do povo do Nordeste. E nessa festa sonora, o sanfoneiro é o condutor desse ritmo contagiante, é o responsável por fazer o público vibrar e se entregar à dança.
Não podemos falar sobre o Dia do Sanfoneiro sem mencionar o brilhante Sivuca, um dos maiores nomes da sanfona em toda a história da música brasileira. Com seu estilo único e inovador, ele expandiu as fronteiras do forró, incorporando influências de outros gêneros musicais, como o jazz e a bossa nova, em suas interpretações. Sivuca não apenas dominava a sanfona com destreza, mas também era um exímio compositor e arranjador, deixando um legado de canções que encantam até os dias de hoje. Sua genialidade e talento contribuíram significativamente para elevar a sanfona a um patamar de reconhecimento nacional e internacional, solidificando sua posição como um verdadeiro mestre do instrumento e uma inspiração para gerações futuras de sanfoneiros.
Dia do Sanfoneiro não é apenas uma data para exaltar o instrumento e suas habilidades técnicas. É uma oportunidade de reconhecer e enaltecer os grandes talentos que se dedicam à sanfona, como guardiões de uma tradição que se perpetua através das gerações. São artistas que, com suas mãos habilidosas e corações apaixonados pela música, mantêm viva a chama do forró, mantendo as raízes da cultura nordestina sempre pulsantes.
Cada sanfoneiro traz consigo histórias únicas e inspiradoras. Um exemplo é a trajetória de Erivaldo de Carira, filho de Manezinho do Carira, renomado sanfoneiro de oito baixos. Desde que começou a tocar sanfona aos dez anos de idade, Erivaldo carrega consigo mais de 50 anos de dedicação ao forró. Seu talento e maestria conquistaram o coração do público, transformando-o em um dos ícones desse gênero musical.
Outro sanfoneiro que merece destaque pela sua versatilidade e contribuição para a evolução do forró é Chico Rodrigues, um verdadeiro virtuoso da sanfona. Com sua habilidade técnica excepcional e sua mente inquieta, Chico explorou os limites da sanfona, levando-a além das fronteiras do forró tradicional. Ele incorporou elementos de outros gêneros musicais, como o rock, o blues e até mesmo a música clássica, criando uma fusão única e contemporânea. Suas experimentações e arranjos arrojados permitiram que a sanfona se tornasse um instrumento versátil, capaz de transitar entre diferentes estilos e conquistar novos públicos. Chico mostrou ao mundo que a sanfona é muito mais do que um símbolo do forró, é um instrumento capaz de se reinventar e dialogar com diversos gêneros musicais, expandindo assim seu alcance e sua relevância artística. Sua contribuição para a evolução do forró e a valorização da sanfona como um instrumento versátil e contemporâneo é inegável, deixando um legado inspirador para as futuras gerações de sanfoneiros.
Além dos sanfoneiros que dominam o instrumento, há aqueles que guardam a memória e a presença de seus pais ou mestres sanfoneiros. É o caso de Joseane Dy Josa, filha de Josa Vaqueiro do Sertão, um talentoso sanfoneiro. Mesmo não tocando o instrumento, ela mantém a sanfona do pai como um tesouro, um símbolo de conexão e uma forma de perpetuar sua influência na música e na vida dela.
Nesse contexto, também encontramos líderes inspirados pelos mestres da sanfona, como o presidente da Associação dos Forrozeiros de Sergipe, Jailson do Acordeon. Influenciado pela música de Josa Vaqueiro do Sertão, Jailson encontrou no forró e na sanfona sua paixão e propósito. Sua dedicação em promover e valorizar a cultura nordestina através do forró é um testemunho vivo do poder transformador desse instrumento e do legado deixado pelos grandes sanfoneiros.
No Dia do Sanfoneiro, é hora de reconhecer a importância desse instrumento icônico, da cultura nordestina e dos talentosos artistas que o dominam. É um momento para celebrar a magia do forró, para honrar as tradições e histórias que fazem da sanfona um símbolo vivo do Nordeste. Que os acordes da sanfona continuem a encantar gerações, mantendo viva a chama da alegria, da dança e da cultura nordestina.
Assista a matéria exibida pela na TV Alese
Compartilhe