ARTIGO: Quatro Pilares para uma vida plena e o pacto sergipano pela alfabetização na idade certa

05/09/2019 16:07


ARTIGO: Quatro Pilares para uma vida plena e o pacto sergipano pela alfabetização na idade certa

O que é uma vida plena? Qual o caminho para a felicidade? Estas são perguntas que em maior ou menor medida afligem todos os seres humanos, e, exatamente por sua dimensão de importância, são objeto de estudo da filosofia, da psicologia, das religiões, do Estado, e até mesmo do mercado.

Evidentemente que esta é uma pergunta complexa e carregada de vieses culturais, religiosos e até mesmo financeiros. E, por isso (pelo menos até o momento), não há uma resposta única, objetiva e universal; depende, portanto, majoritariamente, de um olhar interno de busca no universo interior, uma procura por uma essência subjetiva, que, quando encontrada, traz alegria e conexão pelo simples fato de estar vivo e contribuindo para o universo.

Por outro lado, apesar de a resposta se apresentar única para cada indivíduo, adorei a palestra de Emily Smith no Ted Talks (basta buscar por “TED a vida é mais do que ser feliz”, pode ser encontrado o vídeo). Naquele diálogo, a oradora expôs que após anos de vivência sobre o tema, concluiu que o tão sonhado segredo para uma vida plena, ou para encontrar um “sentido na vida”, passa, na maioria das pessoas (mesmo com suas apreciações subjetivas diversas), por quatro pilares essenciais.

O primeiro pilar é o do pertencimento. Todos querem pertencer a um grupo ou família. Todos querem ser reconhecidos como iguais e acolhidos em um círculo de respeito e consideração. Por isso, a importância da criação de vínculos de afinidade, seja em termos profissionais, familiares, de vizinhança, de clubes, de ideologias. Tudo para que no momento do sucesso ou do fracasso, tenhamos com quem comemorar ou nos consolar.

O segundo pilar é o do propósito. O ser humano sente-se pleno quando percebe que está construindo algo; que está agregando valor a um projeto ou a uma missão. Sendo certo que o que move as pessoas (em sua maioria) não é estritamente o dinheiro. O dinheiro em si significa muito pouco. O que move as pessoas são sonhos e/ou objetivos (e aí é que muitas vezes entra o dinheiro, como um meio de concretizar sonhos). Merecendo relevo ressaltar que, de ordinário, quando se tem muito dinheiro, todo o propósito da vida volta-se para um de dois objetivos: ou ganhar mais dinheiro, o que pode acabar revelando uma vida infeliz e vazia; ou vincular-se a propósitos maiores, objetivos de solidariedade/espiritualidade. Veja-se neste ponto os megamilionários que se dedicam ao desenvolvimento da humanidade e à filantropia, e que se tornam felizes com o sentimento de propósito.

O terceiro pilar é o da transcendência. Ora, não basta ter um propósito egoístico, pequeno e mesquinho. O ser humano, com sua inteligência, aspira a compreensão do mistério do universo e sua infinitude. E mais do que isso, quer participar como protagonista e não mero observador deste mecanismo tão sutil, maravilhoso e complexo, que garante oxigênio, vida, alimento, amor, beleza e sustentabilidade aos bilhões de seres humanos e aos incontáveis outros seres vivos do Planeta. Quer coisa mais linda do que um pôr-do-Sol; uma noite estrelada; uma flor colorida; ou o fundo do mar cheio de vida? São belezas e mistérios de transcendência e queremos entender este mistério, queremos ajudar a construir esta beleza e sermos parte do mecanismo de maravilhas que nos conecta a algo muito maior do que cada indivíduo; maior mesmo do que a humanidade inteira.

Por fim, o quarto pilar é ter uma história para contar. O ser humano, não somente quer participar de algo maior; ele quer que esta participação mereça um registro, na sua memória e na memória dos seus amigos e descendentes. Queremos contar e ser parte de histórias contadas. Precisamos fazer parte de lembranças, pois a lembrança é a apropriação de um momento que valeu a pena ser vivido. E o ser humano quer esta marca na posteridade, como prova de que viveu, contribuiu e não passou despercebido nas trincheiras da existência.

Muito bem, estabelecidos os quatro pilares, resta responder:  o que eles têm relação com o pacto sergipano para alfabetização na idade certa, lançado pela Secretaria de Estado da Educação, dia 29 de agosto próximo passado, no Teatro Tobias Barreto?

A ligação é evidente. Estive lá e vi.  O pertencimento era evidente quando todos os agentes públicos ali envolvidos, Prefeitos, Secretários, Governador, Professores, representantes de órgãos de controle se emocionaram, acolheram-se mutuamente e sonharam juntos com uma educação de excelência, lançando Sergipe para o futuro.

O propósito estava nos olhos e atenção de cada pessoa, percebendo o privilégio que é contribuir para que toda uma geração de crianças e jovens possam ter não só uma formação mais eficiente e com maior preparo; mas principalmente para que tenham o privilégio de poder contribuir com a esperança de um futuro melhor para os alunos de escolas públicas sergipanas, que poderão ter pontos de partida (assim que se espera) mais equilibrados em relação aos alunos de escolas particulares.

A transcendência vinha da antevisão de que o futuro estava sendo moldado naquele momento. Que o impacto gerado por crianças e jovens plenamente instruídos, com possibilidade de autodeterminação e construção do seu próprio destino, pode efetivamente revolucionar nossa mão-de-obra, nosso povo, nossa cultura e lançar a sergipanidade ao seu lugar de direito nos melhores patamares em nível de Brasil e quem sabe, em nível mundial.

E todos ali efetivamente, se tudo der certo (e as coisas dão certo quando se cuida para que o acerto aconteça), terão, no futuro, uma maravilhosa história para contar: uma história que revela como, de uma união social de esforços, de uma agenda comum em prol da educação, conseguiu-se transformar o futuro de uma sociedade inteira. Esta é a história que queremos contar - basta fazê-la acontecer.

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